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Dilma se pendura nos bancos, mas queda é cada vez mais provável

Poucos dias depois de ver a nota do país rebaixada por uma agência internacional de risco, o Governo anunciou um pacote para reverter a previsão de déficit primário contida no Projeto de Lei Orçamentária enviado ao Congresso.


Entre as medidas, criação de um imposto sobre movimentação financeira a la CPMF, desta vez voltado para a Previdência Social, além de postergação do reajuste do salário do funcionalismo público, suspensão de novos concursos, fim do incentivo para a permanência dos servidores em idade de se aposentar, redução do número de ministérios, realocação de recursos do Minha Casa Minha Vida e da Saúde, e corte nos incentivos às exportações.


A Fiesp gritou contra o aumento de impostos e o corte no programa de incentivo aos exportadores.


Parlamentares do PT e setores dos movimentos sociais gritaram contra a postergação no reajuste do funcionalismo e a ameaça de corte a programas sociais e aos investimentos.


Os grandes jornais (Globo, Folha e Valor Econômico) gritaram contra a volta da CPMF, o fato de boa parte das medidas serem incertas por dependerem da aprovação de um Congresso arredio em momento de baixíssima popularidade da presidente, e o que consideraram a timidez do ajuste do lado das despesas: clamam por reformas estruturais, desvinculação de receitas, cortes nos gastos obrigatórios, revisão de programas sociais, mudanças na previdência. Dizem que as benesses da Constituição de 1988 não cabem mais no PIB brasileiro.


Apenas a Febraban, associação dos banqueiros, emitiu nota elogiando o pacote do Governo anunciado por Levy e Barbosa. Rosângela Bittar, do Valor, afirma que o jogo foi combinado antes com a banca. É possível. Desde aquela semana de agosto em que a queda da Dilma parecia iminente, são os banqueiros que têm garantido a sobrevida da presidente.

E foi para a felicidade da banca que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, no dia seguinte ao anúncio do Pacote por Levy e Barbosa, afirmou – contra o boato de que os juros cairiam – que o atual nível elevado da taxa selic permanecerá assim por um bom tempo.


Enquanto desagrada os movimentos sociais que tragicamente ainda lhe são fieis, e presencia o desencontro entre banqueiros e Fisep, Dilma vê esquentar no Congresso as articulações pelo impeachment. Reforçadas ainda pelo ultimato dado à presidente pelo editorial na capa da Folha de SP de domingo, véspera do anúncio do pacote pelo Governo.


Em um cenário de agravamento da crise econômica e de suas consequências (ver matéria sobre o recorde histórico de fechamento de vagas de trabalho), e de imensa fragilidade do Governo frente à opinião pública e ao Congresso, sem falar no afastamento de seu vice (que estava na Rússia durante o anúncio) da coordenação política do Governo, o pacote anunciado pelos ministros Levy e Barbosa pode ser a última cartada de Dilma para permanecer no Palácio até 2018.



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