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Valorização do salário mínimo em risco

Dentre as medidas de reforma fiscal anunciadas recentemente pelo Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, chama a atenção aquela que prevê a suspensão da atual regra de reajuste do salário mínimo em caso de ser atingido um determinado limite de gastos do Governo.


Pela regra em vigor de reajuste do mínimo, ele se dá pela inflação do ano anterior e pela variação do PIB de dois anos antes. Ainda que na atual recessão isso não acarrete em aumento real do mínimo, durante os anos de crescimento econômico ao longo da última década, foi essa política de valorização do salário mínimo o principal fator para a diminuição da desigualdade verificada na distribuição de renda, e para o aumento da participação da renda do trabalho na renda nacional.


Por isso, é muito preocupante que o Governo acene com a suspensão dessa política em virtude da crise fiscal do país. E é para que a política de valorização do salário mínimo não seja ameaçada que são necessárias reformas que impactem e reequilibrem os gastos públicos, como a reforma da previdência, a reforma orçamentária e uma reforma administrativa que racionalize e torne mais eficiente a administração pública.


São essas reformas que, ao lado de uma reforma tributária progressiva – onde os mais ricos paguem proporcionalmente mais impostos do que os mais pobres e a classe média -, da manutenção da política de valorização do salário mínimo e da diminuição da taxa de juros, permitirão o reequilíbrio das contas públicas e a retomada do crescimento econômico com distribuição de renda.


Se a esquerda fechar os olhos para a realidade de desequilíbrio estrutural da situação fiscal do país e ficar apenas esperneando contra qualquer tipo de reforma dos gastos públicos, as reformas sairão todas pela direita, que verá suas teses triunfar sem oponentes no debate, acarretando em maximização dos ganhos do capital e prejuízo total para os trabalhadores brasileiros.



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