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Transformar a esquerda, atacar a desigualdade e desenvolver o Brasil

A Ação Crítica divulga documento com suas posições sobre o cenário nacional e as reformas e questões em debate hoje no Brasil. Para ler o documento completo, CLIQUE AQUI.


Abaixo, transcrevemos um trecho da introdução do documento. No final de novembro, faremos uma apresentação e uma discussão sobre o documento, aberta a todos aqueles que estejam interessados em debater as questões abordadas. Em breve, confirmaremos data, hora e local. Também estamos disponíveis para reuniões com pequenos grupos de pessoas interessadas em discutir nossas ideias.

"O Brasil vive a mais longa recessão desde os anos 1930, o que por sua vez torna-se um elemento conjuntural profundamente agravante da crise fiscal que traz também elementos estruturais da organização dos gastos e das receitas dos Governos.


Como pano de fundo para esse quadro, temos os dois grandes problemas que persistem ao longo das décadas como aqueles primordiais a serem resolvidos pela sociedade brasileira: nossa enorme desigualdade social e o subdesenvolvimento do país.


Em relação ao primeiro problema, a desigualdade, repetimos de forma drástica a dicotomia 99% x 1% observada na sociedade norte-americana pelo prêmio Nobel de economia Jospeh Stiglitz. Mesmo a recente redução da diferença entre a renda dos mais ricos e a dos mais pobres ao longo da primeira década dos anos 2000 no Brasil é colocada em questão por recente estudo de economistas do IPEA, a partir de microdados das declarações de imposto de renda de pessoas físicas, seguindo metodologia similar à utilizada pelo francês Thomas Piketty em seu já célebre trabalho “Capitalismo no Século XXI”.


Em seu estudo, os economistas do IPEA apontam que quase metade da renda nacional está concentrada nos 5% mais ricos da população, 25% de toda a renda do país estão nas mãos do 1% mais rico e 20% estão concentrados nos 0,5% mais ricos. Isso significa que 1/5 de toda a renda nacional está nas mãos de cerca de apenas 700 mil pessoas. A desigualdade é aterradora: um milésimo dos brasileiros acumula mais renda do que toda metade mais pobre da população do país junta. E mesmo no período de maior crescimento econômico nos últimos dez anos, temos que, entre 2006 e 2012, apenas 12% do resultado do crescimento coube à metade mais pobre da população, enquanto o 1% mais rico se apropriou de 28% do crescimento. Isso significa que cada pessoa da pequena elite formada pelo 1% mais rico da população apropriou-se de uma fração 117 vezes maior do crescimento da renda que as pessoas na metade mais pobre do país.


Em relação ao segundo problema, o subdesenvolvimento, ele se agrava na medida em que as fronteiras tecnológicas do mundo se alastram cada vez mais rápido e o Brasil vai ficando cada vez mais pra trás nessa corrida, em um quadro de desindustrialização, de reprimarização de nossas exportações e de parco investimento em ciência, tecnologia e inovação.


É neste cenário que reformas se fazem, mais do que necessárias, urgentes. Enquanto os setores políticos que representam os interesses do topo da pirâmide (o tal 1% de que falamos) se assanham com o avanço de suas pautas, a grande maior parte da esquerda, que quer representar os interesses da base da pirâmide, segue paralisada e apegada a conceitos atrasados e a causas corporativas que não contribuem em nada para alterar a grave realidade apresentada. Uma esquerda estatólatra, conservadora e corporativista à qual não devemos nenhum tributo".


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