Política de valorização do salário mínimo atenuou os efeitos da recessão para os trabalhadores em 20
Matéria do jornal Valor Econômico do último dia 28 mostra que, segundo diversos especialistas em políticas públicas, a atual política de valorização do salário mínimo foi responsável por evitar a alta da desigualdade no ano de 2015, mesmo com a forte recessão vivida pelo país.
A conclusão se deu com base na análise dos dados da Pnad Contínua divulgada pelo IBGE. O rendimento médio do trabalho dos brasileiros caiu 5% no ano passado quando comparado com 2014. Em outras recessões, a queda chegou a 8%. Para o economista Naercio Menezes, ouvido pela matéria, a principal causa da queda ter sido atenuada foi a política de valorização do mínimo. Como a realidade de receber um salário mínimo se espalha por 44% das famílias brasileiras, a perda de renda acabou sendo maior na metade de cima da pirâmide social do que na metade de baixo. Com isso, a desigualdade ainda apresentou leve redução no ano passado.
O problema é que essa pequena queda da desigualdade deu-se em meio à perda generalizada de renda. E, o mais grave, a maior perda acabou se dando nos 10% mais pobres da população, que não têm emprego formal e ganham menos de um salário mínimo. Por isso, não são beneficiados pela política de valorização. Para esses, a piora da situação veio, entre outros motivos, pela falta de reajuste real para o Bolsa Família, e pelo corte de programas sociais do Governo.
É preciso fazer com que os mais ricos paguem sua parte na conta da crise. É preciso reforçar a rede de proteção para os mais pobres, sobretudo os que estão fora do mercado formal de trabalho. E, tudo o que a luta pela redução da desigualdade no Brasil não precisa, é que seja posto fim à atual política de valorização do salário mínimo.