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FHC enfim percebe que pinguela era furada e defende eleições gerais já

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em nota, sugeriu que a convocação de eleições gerais antecipadas é o melhor caminho para o Brasil. Diz que falta legitimidade ao Governo Temer e que a rápida degeneração da situação política leva o país a um estado de anomia. Por fim, afirma que caberia a Michel Temer, “em um gesto de grandeza”, convocar as eleições antecipadas.


Não é recomendado esperar um gesto de grandeza de uma figura medíocre como Michel Temer, assim como não era recomendado esperar gesto semelhante de Dilma Roussef no início de 2016, quando já estava claro que sem a convocação de eleições gerais o país não sairia da barafunda política em que foi metido por sua elite dirigente em Brasília e que coloca em risco nossa já capenga democracia.


Mas é muito positivo que Fernando Henrique tenha vindo a público defender a tese da antecipação das eleições gerais. Por seu prestígio junto a setores políticos, sociais e a agentes econômicos, e até mesmo pela idade avançada que não o credencia a um mandato de longos quatro anos à frente da Presidência da República e por isso não o coloca como concorrente dos atuais postulantes ao cargo, FHC poderia ter cumprido papel central na construção de saídas para a crise que se desenrola já há dois anos. Para isso, porém, deveria ter se colocado em uma posição de equidistância entre as forças políticas que se digladiaram em Brasília. Quando optou por se alinhar a um dos lados, operando claramente pela ascensão de Temer via impeachment e pelo apoio do PSDB ao governo do pemedebista, descredenciou-se como possível liderança de um pacto transitório que levasse o país com maior estabilidade até as eleições.


Agora, Fernando Henrique, ao menos, ao apontar o caminho da antecipação das eleições gerais, ajuda a clarear um ambiente embaçado pela rasa polarização política que assola o país. Com o apoio de FHC, a tese da convocação imediata de eleições diretas como caminho para o país começar a sair da crise política pode deixar de ser vista apenas como uma manobra da parte da esquerda que se coloca à sombra do lulismo, como vinha sendo vista até aqui, ainda que de maneira torta, por parte da sociedade.


Com isso, a tese da convocação imediata de eleições gerais ganha força. E aumenta o potencial de mobilizações para que as eleições ocorram. É a hora de ir pra rua com amplas manifestações por eleições já. E torcer para que os dirigentes políticos que comungam da tese tenham a sensatez de encontrar consensos que permitam que ela avance no campo institucional. A primeira medida deveria ser o acordo em torno de que qualquer reforma estrutural da sociedade brasileira só seja levada a cabo por um novo Governo e um novo Congresso eleitos nas urnas, após amplo debate ao longo do processo eleitoral.



Sem inovação, Brasil está condenado ao atraso

O Brasil ficou em apenas 69º lugar entre 130 países no Índice Global de Inovação de 2017, elaborado em conjunto pela Universidade Cornell, pela escola de negócios Insead e pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), e divulgado na última semana.


Não há possibilidade de o Brasil se tornar uma nação desenvolvida no século XXI com esse desempenho pífio em inovação. Essa é uma questão urgente, mas desprezada em nossa agenda política, seja pela esquerda, seja pela direita do espectro partidário.


Falta investimento público e privado em pesquisa em desenvolvimento. Faltam grandes programas estratégicos que catalisem esses investimentos e incentivem a formação de mão de obra especializada (do total de adultos formados no Brasil, apenas 5% optam pelos cursos de engenharia, contra uma média de 28% nos países da OCDE, de 32% na Alemanha e de 40% na China). Falta integração entre os centros de pesquisa das universidades e as empresas (integração que é vista como pecado por boa parte da esquerda encastelada no mundo acadêmico). Falta política industrial que mescle incentivos e abertura da economia, para que a indústria brasileira seja obrigada a inovar dentro da lógica da disputa por espaços no comércio internacional. Falta mesmo uma burguesia empreendedora no Brasil.


Enfim, falta muita coisa. Se o Brasil não passar a tratar esse tema como prioridade, vai estar condenado a um atraso cada vez maior ao longo deste século. Torçamos para que esse debate entre em pauta no próximo processo eleitoral. E que esse venha o quanto antes.

Tarados por inflação


Edição do jornal Valor da última sexta-feira revela que o Conselho Monetário Nacional irá reduzir o centro da meta da inflação para o ano de 2019. De 4,5% ao ano, passará para 4,25%. Isso pode significar diminuição do ritmo de queda da taxa básica de juros da economia.


Em um ambiente recessivo como o que vivemos hoje, em que a falta de investimento é um problema muito maior para a economia do que uma eventual ameaça inflacionária, que não está no radar, não seria mais sensato o Bacen deixar a meta onde está e acelerar a queda da escandalosa taxa de juros reais que temos no Brasil?



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